SÃO PAULO – Os executivos que optaram por seguir carreira no exterior estão voltando para o Brasil. Isso em vista da lenta retomada de crescimento econômico lá fora e dos graduais esforços em torno da resolução dos deficits crônicos impostos pela crise nos países mais desenvolvidos.
Um levantamento realizado pela consultoria Fesa revelou que Estados Unidos e Europa já não pesam mais na escolha dos profissionais brasileiros. Os currículos enviados para a consultoria por executivos no exterior que buscam o regresso para o Brasil aumentaram em média 20% entre 2008 e 2009.
De acordo com a Fesa, essa média se manterá forte em 2010. Do ano passado para cá, 50% dos currículos são de profissionais brasileiros oriundos dos EUA, 35% da Europa, 10% da América Latina e Central e 5% da Ásia. São cerca de 50 currículos recebidos por mês pela empresa. Todos são executivos que buscam por novos desafios no país de origem.
Há tempos...
Na avaliação do sócio da Fesa, Gino Oyamada, o Brasil passou por um período de baixo crescimento em comparação com o resto do mundo. Esse contexto deu margem aos executivos para buscarem oportunidades no exterior.
Os EUA, por sua vez, acabaram sendo o destino natural desses profissionais. Uma vez que as grandes multinacionais instaladas na América do Sul são originárias de lá, houve uma atenuada migração.
“Essa ida para o exterior é normal, já que os profissionais buscam por aprimoramentos educacionais e acadêmicos”, explica.
Reviravolta no globo
Diante de um patamar elevado em que o Brasil se encontra, os executivos passaram a observar a projeção nacional do ponto de vista econômico. “Estamos falando de executivos de outras nacionalidades também querendo disputar o nosso mercado de trabalho”, diz Oyamada.
O Brasil, ao longo dos últimos cinco anos, apresentou remunerações competitivas. Entretanto, o País ainda é carente em termos de mão-de-obra qualificada. Para o consultor, o baixo número de profissionais com expertise faz os salários dispararem.
“Hoje, a grosso modo, o salário no Brasil, no topo da pirâmide social, gira em torno de 35 vezes a base da plataforma. Não estou contando o bônus”.
De acordo com Oyamada, em economias internacionais, como no Japão, por exemplo, esse número gira em torno de cinco a sete vezes. Na Europa, de nove a 12 vezes e, nos EUA, de 20 vezes.
Chefe, cadê o meu bônus?
Fora das terras brasileiras, os bônus pagos diminuíram por conta do desempenho das grandes organizações durante a crise. Na indústria, de forma geral, os incrementos são tímidos, já que estão em fase de recuperação.
O consultor sustenta que, no Brasil, em 2010, as expectativas de retorno de bônus serão realidade. “Neutralizamos o problema [bônus] em 2009. Para esse ano, o resultado tende a ser mais expressivo. Os bônus voltarão mais rapidamente do que em outros lugares”.
Retorno de sucesso
Em seu regresso, o profissional, explica Oyamada, tem uma gama de opções para novos desafios. “Existe uma diversidade de demandas. A economia como um todo está aquecida, porém algumas áreas em particular estão mais”.
O consultor refere-se à área de infraestrutura. Tida como o segmento de sucesso por Oyamada, essa fatia demanda desde um gerente de projeto até funções técnicas de engenharia para suas posições.
Por sua vez, a cadeia inteira do petróleo, com as movimentações em torno de fusões e aquisições, demanda profissionais com expertises em avaliação de projetos.
“Existe uma continuidade nas regressões para o Brasil. Esse desejo explícito de volta irá se intensificar com o passar dos anos”, finaliza o consultor.
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