quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cinema africano volta a competir em Cannes depois de 13 anos

France Presse
Publicação: 16/05/2010 14:45

  A tragédia chadiana, o primeiro filme africano em competição nos últimos 13 anos em Cannes, foi a atração do festival neste domingo.

"Um homem que grita", de Mahamat-Saleh Haroun, que deve seu título ao poeta martinicano Aimé Cesaire - "um homem que grita não é um urso de dança" - resume a essência da tragédia do Chade e sua guerra civil através de uma pequena e estranha história familiar.

Um charmoso sexagenário, ex-campeão pan-africano de natação e seu filho são os encarregados de uma psicina de um luxuoso hotel de Yamena, a capital. Com a mudança dos donos e a conseguinte redução de pessoal, apenas o filho conserva o trabalho.

Em plena guerra civil, o governo impõe sacrifícios ao povo ou recruta os jovens à força. Para o pai desempregado, a segunda opção é uma esperança de recuperar seu emprego.

"Um homem que grita" avança serena e paulatinamente para surpresas dramáticas, como a namorada grávida do filho, a redenção tardia do pai que delatou seu filho e tenta resgatá-lo de qualquer jeito, em meio a uma situação social que se torna insuportável.

A proposta do diretor chadiano contrasta por sua simplicidade com a suntuosiade de "A princesa de Montpensier", do francês Bertrand Tavernier, que há 20 anos não era selecionado para Cannes.

Ao estilo de seus adorados cineastas clássicos de Hollywood, Tavernier, de 69 anos, parte do conto escrito por Madame de Lafayette e faz um filme de capa e espada durante a guerra sangrenta entre católicos e huguenotes, articulada em torno da vida pessoal e sentimental da princesa do título e dos homens apaixonados por ela.

O cineasta francês se esforça para dar um ar moderno a seus personagens, reconstroi com detalhe essa época pouco tratada no cinema, mas sua ligação profissional com o diretor-geral do festival - ambos dirigem o Instituto Lumière de Lyon - e acolhida pouco entusiasmada da crítica francesa não tornam as coisas fáceis para seu filme.

Na seção "Um certo olhar", foram apresenados "Chatroom", "O outro mundo" e "R U there", três filmes que falam sobre a internet e os videogames e fazem uma sondagem das ligações cada vez mais perigosoas entre os adolescentes e o mundo virtual.
 
Fonte: site Correio Braziliense

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