A Ilha Fiscal fica na Baía de Guanabara, junto às instalações do estaleiro da Marinha do Brasil e fronteira ao centro histórico da Cidade do Rio de Janeiro, em frente à Av. Presidente Vargas e à Igreja da Candelária, próximo ao Paço Imperial da Praça XV.
Na verdade trata-se de um complexo, o Espaço Cultural da Marinha, construído no antigo cais da Alfândega do Rio de Janeiro, sobre área aterrada na segunda metade do século XIX.
O passeio à Ilha Fiscal tem início nas instalações deste Espaço Cultural da Marinha do Brasil, partindo de seu cais pela escuna Nogueira da Gama. Mas a visita à Ilha Fiscal não se resume exclusivamente a ela e por isso mesmo é um passeio de uma tarde inteira bastante interessante e altamente recomendável tanto para o turista que visita a cidade quanto para quem mora nela.
Antes de ir à Ilha Fiscal , que se alcança numa visita guiada depois de uma bela e curta travessia na escuna Nogueira da Gama você pode visitar o Navio-museu Bauru e o Submarino-museu Riachuelo, abertos a visitação das 12h às 16h. Construído em 1973, na Inglaterra, o Submarino Riachuelo foi lançado ao mar em 6 de setembro de 1975, e incorporado à Armada brasileira em 27 de janeiro de 1977. Após 20 anos de operatividade, foi desincorporado do Serviço Ativo da Armada.
Além disso, a belíssima Galeota D. João VI, uma curiosa embarcação a remo construída em 1808 e utilizada pela família real portuguesa e brasileira em seus deslocamentos pela baía da Guanabara, é exemplar único na América.
A galeota, com 24 metros de comprimento para 11 remadores em cada bordo, levando na popa uma cabine forrada de veludo para a família Imperial, totalmente reformada, foi construída em Salvador, em 1808, por ocasião da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil e trazida para o Rio em 1809, tendo sido usada até os primeiros governos republicanos para deslocamentos pela baía de Guanabara. Esse modelo não tem similares em toda a América.
No mesmo lugar onde está a galeota há uma interessante e pequena exposição denominada “História da Navegação”, que conta a evolução da arte de navegar retratada desde os meios mais primitivos, as canoas, até os gigantescos e modernos petroleiros, com destaque para instrumentos e técnicas dos navegadores portugueses do período da Expansão Marítima e a presença do Brasil na Antártida.
Nesta viagem no tempo, o Centro Cultural da Marinha apresenta uma grande quantidade de astrolábios, quadrantes, bússolas primitivas e outros instrumentos de navegação usados no passado; mapas e globos terrestres desenhados ainda sem o continente americano, com base na concepção do mundo de antes das descobertas.
A história da evolução das velas é ilustrada com modelos da vela quadrada, usada pelos europeus, e das velas triangulares, batizadas depois de latinas, inventadas pelos árabes e posteriormente utilizadas por espanhóis e portugueses para vencer os ventos contrários nas grandes descobertas.
O setor dedicado aos naufrágios é um dos mais interessantes. Porcelanas, moedas, utensílios de cozinha e mesa, além de santos e cruzes de bolso, fazem parte do que foi recuperado de alguns naufrágios na costa brasileira.
As miniaturas das caravelas e galeões são um capítulo à parte. Uma delas reproduz com exatidão as peças de artilharia dos navios holandeses que lutaram nos mares do Brasil nos séculos XVI e XVII.
A história da navegação é contada por meio de maquetes desde os tempos em que troncos faziam o papel de canoas. Um passeio pelas diversas regiões do País mostra os pratos típicos de cada lugar: os regatões do Amazonas, os batelões da Lagoa dos Patos e as jangadas do Nordeste.
A grande atração, porém, está atracada no lado de fora: o contra-torpedeiro Bauru, aposentado da Marinha do Brasil, faz a viagem no tempo passar pela Segunda Guerra Mundial, onde serviu na Força Naval do Nordeste.
Ele ainda recebe a companhia do submarino Amazonas e do rebocador Laurindo Pitta. O rebocador faz a ligação entre o Centro Cultural e a Ilha Fiscal - a antiga sede da Alfândega, um dos raros prédios góticos do Rio, que foi cenário do último baile do Império.
Um dos passeios também bastante recodemndável é o do rebocador Laurindo Pita - único remanescente da 1ª Guerra Mundial, que sai do cais do Espaço Cultural da Marinha e faz um pequeno passeio pela Baía de Guanabara, passando pelo Arsenal de Marinha, pela Ilha Fiscal, pela Bahia de Guanabara até próximo ao Pão de Açúcar e pela bahia de Niterói, com bela vista daquela cidade, de Icaraí e do Museu Niemeyer.
Ilha Fiscal
O prédio, que ocupa 1.000 metros quadrados da ilha, foi projetado em 1881, em estilo neo-gótico, pelo engenheiro Adolfo del Vecchio e foi inaugurado em 27 de abril de 1889. O gracioso palácio foi destinado para quartel da guarda de fiscalização do porto e tornou-se famoso por ter abrigado, no Império o último baile da Corte, organizado pelo Visconde de Ouro Preto...
... em homenagem à guarnição do encouraçado chileno "Almirante Cochrane", em 9 de novembro de 1889. No palacete podem ser admiradas obras de cantaria artística em granito fluminense, móveis de jacarandá e ébano, forrados em couro de Córdoba, o parquet do piso, o relógio central montado pela Krussman & Co., e o maior brasão do Império, este também executado em granito fluminense. Tudo em perfeito estado de conservação.
Optou-se pela construção de um pequeno castelo em estilo gótico-provençal, inspirado nas concepções do Arquiteto francês Violet-le-Duc , com projeto de autoria de Adolpho José Del Vecchio - então Engenheiro-Diretor de Obras do Ministério da Fazenda -, onde se destacavam as agulhas e as ameias medievais a adornar a silhueta da edificação.
O projeto de Del Vecchio foi contemplado com a Medalha de Ouro na exposição da Academia Imperial de Belas Artes, tendo apresentado a seguinte argumentação: "A construção planejada, tendo de ser levantada isoladamente em uma ilha, projetando-se sobre um fundo formado pela caprichosa Serra dos Órgãos, encimada por vasto horizonte, e de frente para a entrada da baía, devia causar impressão agradável aos que penetrassem no porto, suficientemente elevada para que pudesse facilmente ser vista de qualquer ponto entre a mastreação dos navios, e prestar-se ao mesmo tempo à fiscalização do ancoradouro."
Primitivamente denominada como ilha dos Ratos , o seu atual nome é porque ali funcionou o posto da Guarda Fiscal, que atendia o porto da então Capital, no século XIX, sendo que ela ficou mesmo famosa na história por ter abrigado o famoso Baile da Ilha Fiscal, a última grande festa do Império antes da proclamação da República, em Novembro de 1889.
A decisão da construção da edificação, assim como do seu estilo arquitetônico foram do Imperador D. Pedro II, tendo em conta não denegrir a beleza da paisagem da Serra do Mar. À época, o Imperador referia-se ao local como: "A ilha é um delicado estojo, digno de uma brilhante jóia".
No século XIX, o Conselheiro José Antônio Saraiva do Ministério da Fazenda, recomendou a construção de um posto alfandegário para o controle das mercadorias importadas e exportadas pelo porto do Rio de Janeiro...
... naquela época a Capital do Império. A posição da ilha era bastante adequada para a instalação dos inspetores da Alfândega, devido à proximidade dos pontos de ancoragem das embarcações para carga e descarga, sendo o transporte delas executado por pequenas embarcações.
O famoso baile da Ilha Fiscal , foi um evento em homenagem à tripulação do couraçado chileno Almirante Cochrane, para cerca 5 mil convidados. Com essa recepção, o Império reforçava os laços de amizade com o Chile, bem como tentava reerguer o prestígio da Monarquia, bastante abalado pela propaganda republicana. A maior festa até então realizada no Brasil ocorreu pouco após a inauguração da ilha.
Falou-se muito da música (valsa e polca), e do cardápio (uma imensa quantidade de garrafas de vinho e comidas exóticas) dessa festa. O comportamento dos participantes foi largamente explorado (a imprensa da época - sec. XIX – noticiou que peças íntimas foram encontradas na ilha depois da festa), curiosidades que ainda atraem historiadores hoje. O luxo e as extravagâncias com que se apresentaram os convidados geraram todo tipo de comentários.
A república foi proclamada seis dias depois do baile, e o imperador embarcou no mesmo Cais Pharoux de onde partiam os ferry-boats para levar os convidados para o baile, hoje conhecido como Praça Quinze, onde recentemente recuperaram-se as escadarias utilizadas para o embarque para a Ilha.
Em 2006, a Marinha organizou um projeto com o propósito de montar uma iluminação de verão para a Ilha Fiscal, e graças à parceria com a BR Distribuidora, a Marinha presenteou a Cidade do Rio de Janeiro com a beleza da construção do engenheiro Del Vecchio em sofisticada iluminação.
Endereço do Espaço Cultural da Marinha
Av. Alfredo Agache, no final da Praça Quinze - Centro
Tel: (21) 2233-9165 (para informar-se dos horários de visitação)
Recomendo chegar por volta das 10 da manhã.
Assim você poderá estacionar no pequeno espaçono interior do Espaço Cultural,
comprar os tickets para visitação à Ilha Fiscal e/ou para opasseio no Laurindo Pita e visitar as dependências do espaço.