Podemos dizer que a sociedade atual exerce bastante pressão sobre as mulheres para que sejam muito magras. As principais modelos, várias atrizes de sucesso e pessoas famosas possuem um corpo extremamente magro. Quando alguma delas é flagrada por um fotógrafo com uma celulitezinha ou com uma barriguinha todo mundo cai matando.
Não impressiona que muitas meninas e mulheres se recusem a comer até serem encaixadas no quadro clínico da anorexia nervosa. Para quem não sabe este transtorno alimentar é caracterizado pela grande perda de peso à custa de dietas auto-impostas, busca desesperada pela magreza e distorção da auto imagem.
Se você pensa que este tipo de comportamento é atual e causado pela mídia saiba que comportamentos semelhantes já foram registrados há séculos.
No século XIX algumas mulheres tinham a doença verde, também conhecida como clorose. Os sintomas eram palidez, fraqueza, cansaço, irritabilidade, constipação, irregularidade menstrual e repulsa à comida, principalmente às carnes, além de um pronunciado emagrecimento. Foi uma verdadeira epidemia nos EUA, França e Inglaterra até a década de 1920. Diversos autores acreditam que a clorose e a anorexia nervosa sejam condições análogas da mesma psicopatologia.
Em 1554 Johannes Lange descreveu a clorose como a “doença das virgens” ao descrever o caso de Ana. O pai dela queria casá-la de qualquer forma, mas não conseguia por sua aparência pálida e emagrecida. O autor acreditava que a cura para a clorose era o casamento, o intercurso sexual e a maternidade (nesta ordem).
Outro “surto” de anorexia aconteceu durante a Idade Média com o surgimento das santas jejuadoras. Acredita-se que com o crescimento do cristianismo a visão da divindade passou a ser mais magra. A gula passou a ser um pecado capital e logicamente fazer jejum levava a pessoa a um ponto mais próximo de deus.
Assim como hoje uma mulher magra pode se achar mais próxima do padrão da “perfeição”, naquela época fazer um jejum auto-imposto trazia vantagens como negligenciar seus deveres e/ou exercer controle sobre outros, barganhar por abstinência sexual com seu marido, rejeitar um casamento indesejado ou rogar por membros da família. Estas santas jejuadoras conseguiam passar por cima da autoridade dos homens da Igreja.
Neste contexto surgiram figuras como Santa Liduina, que comia apenas um pedaço de maçã por dia, Santa Wilgefortis (do latim Virgo fortis, "virgem forte"), que rejeitava os alimentos oferecidos, fazia jejuns e vomitava o que era obrigada a ingerir, Santa Colomba de Rieti, que morreu por desnutrição severa auto-imposta e Santa Verônica, que não ingeria alimento algum, exceto às sextas-feiras, dia em que permitia-se mastigar cinco sementes de laranja em nome das cinco feridas de Jesus.
Estas são apenas algumas histórias das santas anoréxicas que povoaram a Idade Média. Isso é uma prova que mulheres se forçam a manter um nível de magreza extremo a muito mais tempo do que pensamos ao ver casos do dia a dia. O importante é estar atento a pessoas que conhecemos e com quem nos preocupamos. É preciso ver sinais de que este transtorno está acontecendo para que um tratamento seja feito.
Geralmente o tratamento envolve médicos de diferentes especialidades como psiquiatra, psicólogo, clínico e nutricionista. O objetivo é a recuperação do peso através da reeducação alimentar e do apoio psicológico. O quadro de anorexia nervosa não possui medicação específica indicada. Em casos onde a recuperação do peso causa depressão as vezes é indicado o uso de antidepressivos.
Uma boa forma de mudar este quadro seria uma mudança no comportamento da nossa sociedade, mas acho que aí estou pedindo demais.
Uma matéria muito importante.
ResponderExcluirO culto a magreza tem uma grande responsabilidade no alastramento desse transtorno.
Um abraço.
Drauzio Milagres
Nossa, foi longe e fundo na pesquisa. E achei incrivel como isso vem de epoca longínqua.
ResponderExcluirabçs
anorexia kkkkkkkkkkkkkkkkkk isto eu nunca fi mas tudu birn eu creditu
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